Palavrartes
«A medida do amor é amar sem medida», Sto. Agostinho / «Se as crianças se desenvolvessem tal como são a princípio, só haveria homens de génio neste mundo», Johann Wolfgang Goethe
terça-feira, 20 de julho de 2021
Viagens turísticas ao espaço
Serei retrógrada e ignorante em criticar estas novíssimas viagens turísticas ao espaço?
A humanidade beneficiará apenas da inovação e do desenvolvimento tecnológico.
Mas sendo assim, também me pergunto se será bom para a humanidade tanta evolução tecnológica, ou a humanidade será um dia dominada pela robótica, comandada por um ditador multimilionário... que tudo pode. O céu não tem limites, nem a imaginação nem os sonhos.
A ficção científica abriu portas à imaginação, que de ficção cada vez tem menos.
A Terra, com a sua natureza e humanidade, está a ficar para trás, enfrentando cataclismos, pandemias, Covid-19 e suas variantes, caos mundial, depois de explorarem e abusarem da Terra até a natureza não poder mais.
E já o dono da Tesla disse que espera morrer em Marte.
Os milhões do multimilionários, uns com visão para o negócio, outros aproveitando-se da sociedade de consumo exagerado, dos países ditos desenvolvidos, e das desgraças que afectam todo o planeta, não é dinheiro totalmente limpo pelo mérito, em que podem dar-se ao luxo de dizerem que querem morrer em Marte.
A humanidade e a natureza deste planeta é que não merecem ser tratados com este desprezo.
Em plena pandemia activa, com milhões de pessoas a passarem fome, a precisarem de cuidados médicos, senti um arrepio na espinha a ver a vaidade infantil a sobrepor-se a imagens completamente opostas de gente ao monte doente e a morrer; florestas a arder, levando consigo todo o ecossistema do planeta. Rios a transbordar, destruindo tudo por onde passam. A Sibéria a arder, quem diria?!
Gostava de ouvir o que é que estes multimilionários, que estão em filas de espera, pensam sobre isto, honestamente.
Virá também a concorrência espacial turística, pois já é de tradição que os países concorrem entre si há longos anos sobre o domínio do espaço, desde a primeira viagem à Lua.
Com isto tudo, fico muito apreensiva sobre a segurança e a estabilidade do espaço que compõe a nossa galáxia. Além de não explorar aqui todo o lixo que gravita à nossa volta da quantidade imensa de satélites que morrem no espaço.
A Lua deixará de ser a Lua das marés. Marte está mais afastado, é verdade, mas é o equilíbrio do movimento de todos estes planetas que têm dado a estabilidade ao cosmos, que influencia directamente o nosso planeta.
quinta-feira, 15 de julho de 2021
Vamos brincar ao faz-de-conta?
Vamos brincar ao faz-de-conta?
Apetece-me viver no faz-de-conta
Não olhar as nuvens que passam
Antecipando futuros sem conta
Histerismos, paranoias que se instalam.
Fura-vidas furando grossas fileiras
Daninhas flores de ervas bonitas
Enchem campos de azedas trincheiras
A somar às trepadeiras emotivas.
Há pobres no mundo, aqui e além-mar
Peixes de todas as cores e formas
Vão de lés-a-lés para se alimentar
No lixo dos sem-razão em comas.
Vozes… vozes… vozes aos milhões
Levantam-se, trepidam, vociferam
Do submundo orgásmico dos biliões
Trazem a capital bandeira que elevam.
Apetece-me viver no faz-de-conta
Do mau tempo e do frio não reclamar
O sol é uno e brilhante na viva onda
Somos felizes, estamos on a soletrar.
Cantemos o hino da alegria
Dancemos em vez de andar
Apostemos no sol de cada dia
E na lua que nos guia sem tardar.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Atravessar o deserto
As reticências são as pontes
para atravessar o deserto da dúvida...
Duvidas de ti, de mim,
Do que se diz e do que fica por dizer.
... as palavras valem menos
do que o olhar...
Mas nem do que vês queres acreditar
acrescentando reticências e exclamações:
Será assim...!!?
Colocas pontos nas certezas
do teu pensamento final e conclusivo,
como se a única verdade fosse o teu pensar,
sem reticências para outros lugares
das dunas das tuas agrestes emoções.
Mas se pensares fora de ti...
E fora de ti sentires palpitar,
Não duvides quando alguém chamar por ti...
Quando o amor por ti chamar.
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Cada florescer tem o seu póprio tempo |
Quando tudo for pó e pedra
Tem em mente uma coisa só
Não contes o tempo ou a espera
Porque o momento não chegou
Mas à primeira gota de orvalho
Numa clara noite de luar
Junta uma lágrima tua
À primeira estrela cadente
Verás, então, uma flor
Nascer do esplendor
Da tua prece.
quinta-feira, 9 de abril de 2020
Coronavírus esquizofrénico
Do
isolamento, pensamentos positivos
planeta
está menos poluído,
o
mundo menos frenético.
O coronavírus é que está esquizofrénico.
O que
era prioritário
ficou
em segundo plano.
A
ganância aprendeu outra lição
E o
petróleo levou um trambolhão.
Então,
aproveitemos como quem ama
os
momentos de solidão
para
meditar e descobrir o que nos une
dando
ao corpo e ao espírito
o ar
limpo da essência humana.
Fora das Janelas
Todos os lugares são meus
Aqui e além, fora das janelas
Todos os lugares são céus
Do que sou e os olhos umbelas.
domingo, 5 de abril de 2020
O que mais ser?
Tenho o
dever de ser responsável
de mim para mim...
de mim para mim...
E por
mim ser,
serei eu
para os outros
como sou comigo.
serei eu
para os outros
como sou comigo.
O que
mais ser para me sentir contigo?
Calor humano
James - Getting Away With It live at T in the Park 2014
Humano calor transbordante
De amor e energia abundante...
quarta-feira, 25 de março de 2020
A fingir
Quando a vida é nada
e a fingir quer ser,
talvez se acenda a
palavra como vela a arder,
E a chama que
falta seja um gesto por fazer
Que irradie a luz do amor que falta renascer.
terça-feira, 3 de março de 2020
Reversos.Luas
Gosto de poemas de amor, quando bem escritos.
Um poema com sabor a mel e aroma de jasmim. Que seja de inspiração para a alma e dê conforto ao coração... mas que não arrepie e vire maldição por quem o leia, nem atraia sentimentos de despudor.
Que seja lido por quem ame as palavras e lhes dê a dignidade no sentido mais poético ou real.
Quando souber escrever poemas de amor, saberei que de mim me libertei e da nascente os versos serão finalmente rio e o rio será mar.
Tenho consciência de que pouco sei,
Nem me compete muitas coisas saber.
Ninguém sabe tudo nem certezas deve ter.
Ando perturbada com o que está a acontecer,
Alguma coisa errada e muito feia
Está no lume a arder.
Quantos não se vão arrepender
Do mal feito, por uns,
E de outros nada fazerem...
Para o mal deixar de arder.
Terra queimada,
Morte renascida
Mais rápido que a vida.
Se a vaidade pagasse imposto,
os políticos seriam os «Grandes Contribuidores»,
e o povo deixaria de pagar
a charlatães enganadores.
O peso da solidão é proporcional à qualidade do pensamento.
Quanto melhor se pensa, menos pesada é a solidão.
Somos frágeis de mais na arrogância de sermos grandes, e quanto maiores queremos ser e o horizonte se alarga, menos somos do mundo e a vida não nos pertence.
De tanto quererem, os humanos não chegam a ser verdadeiros humanos conscientes do seu verdadeiro poder. Não sabem que quanto menos procurarem, mais encontram, livres da agitação de tudo querer ter.
Ser sendo no que fazem... com prazer.
Em Portugal e um pouco por toda a Europa, ou quiçá o mundo, os políticos eleitos são os que mais mentem e menos fazem pelos seus povos e pela vida, a culpa é de quem?
Poderá haver uma crise de pensamento a favor de um excesso de emoções, de acreditar no paraíso, numa tela de imagens e verborreia mental pintado por artistas, de teatro e microfone, que facilmente atraem públicos vulnerabilizados pela desorientação provocada pelas dificuldades da vida do dia-a-dia.
A esperança não morre, mas as lutas dos que pensam com lucidez também não morrem.
Rebuscando memórias, reafirmo e acrescento:
Vários são os perigos que ameaçam a humanidade e o mundo neste momento.
Em todos os tempos da História houve sempre algum perigo, aqui e ali, ameaças à integridade de algum segmento da humanidade, mas tão grave como agora, não (exceptuando, talvez, as duas guerras mundiais).
Os políticos de hoje, sobretudo os que têm peso no mundo, e nos respectivos países, são tão medíocres que estão a desequilibrar o planeta Terra e a fazer nascer ditadores camuflados de democratas e humanistas.
Deveria haver um limite para tudo, sobretudo para o enriquecimento.
Nada é legítimo!!!
Considerem o desequilíbrio entre os mais ricos e os mais pobres e as armas que ameaçam uma possível 3.ª guerra mundial.
O planeta está dividido e uma caldeira a ferver pronta a explodir.
A utopia virá um dia a deixar de o ser.
E quando isso acontecer o mundo será outro e as consciências se abrirão.
Faço parte de um clube sem nome.
Nunca militei nem registei nalgum partido.
Não é uma questão de ter mais ou menos liberdade, na minha opinião. Falo por mim, consciente do antes 25 de Abril e do após.
Vi como nasceram, como cresceram os partidos, e como o facciosismo é um veneno à liberdade, um perigo para a sociedade e a morte dos ideais, para não falar dos dirigentes partidários que foram, são e serão os governantes do país.
Sei que é um assunto polémico em «democracia». As aspas é para dizer que num país onde a justiça não funciona, não há democracia. A base que sustenta a liberdade e os deveres e direitos cívicos, o que rege a democracia, é a justiça.
Ao contrário do que dizem os políticos, não é o direito de votar que define um regime. É o direito de votar e a liberdade e o respeito pelas leis, de preferência bem feitas e claras para qualquer cidadão as perceber, onde os deveres valem tanto como os direitos.
Crónicas, frases soltas, pensamentos. O que me trazem os dias.
sexta-feira, 16 de agosto de 2019
O rio que te corre
«Hoje celebro o rio que te corre nas mãos
A foz que te espera de mansinho»
Excerto de poema de Valter Guerreiro
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Sem história
No tempo em que um
tornozelo feminino
fazia vibrar
indiscretos os olhares
em que os homens
nada podiam ver
do corpo da mulher,
apenas imaginar
formas num sonho qualquer.
Nem o beijo era
permitido antes de casar
por medida em
negócios dos pares.
Feliz este nosso
tempo
em que a nudez põe
tudo a mostrar
e os homens nada têm
para sonhar.
As mulheres perderam
a graça
e a mansidão do
tempo dos sorrisos
e nos olhares a boca
do desejo
que passava na
lentidão das estações
fazendo estremecer
forte os corações.
Sem o sonho para as
noites de luar
Os lobos correm
apressados
antes que outro tome
o lugar
e perca a
oportunidade dos orgasmos
numa luta da carne
incessante e sem glória
e o vazio é a cor
dos poemas
-----------------------------------------sem história.
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